
Bento XVI: Evangelizar exige utilizar os «novos areópagos»
CIDADE DO VATICANO (ZENIT.org).- A esperança de uma «atenção especial» aos «novos areópagos» nos quais difundir cada vez mais a Palavra de Deus, foi expressada por Bento XVI na mensagem enviada à Assembléia Plenária dos presidentes das conferências episcopais da Europa, reunida em Esztergom, Hungria, de 30 de setembro a 3 de outubro.
Em uma mensagem enviada ao cardeal Peter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapeste e presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, explica que, dado que um dos primeiros temas tratados será a relação entre Igreja e meios de comunicação, o Papa «anima cada um de vós a fazer o melhor uso possível das oportunidades à vossa disposição para semear a Palavra de Deus às pessoas de vossos respectivos países».
«Neste ano dedicado ao apóstolo São Paulo, que expressou a verdade do Evangelho em termos acessíveis a um amplo e variado público, os “novos areópagos” merecem uma atenção especial dos pastores da Igreja», escreve o purpurado.
Bento XVI, recorda, «reza de modo especial para que se encontrem vias para guiar as pessoas empenhadas nos meios de comunicação a serem ainda mais respeitosas com a verdade da informação e a dignidade da pessoa humana, de maneira que sua mensagem possa contribuir realmente para a construção do reino de Deus na terra».
Em sua intervenção de abertura da Assembléia Plenária, o cardeal Erdo afirmou que «a atual grande crise financeira, especialmente evidente nos Estados Unidos, demonstra com clareza empírica que o mercado livre, com seu desejo de um lucro cada vez maior e mais veloz, não é capaz de regular a si mesmo e muito menos é capaz de sustentar e guiar o mundo inteiro».
«Sem uma regulamentação sadia e responsável por parte dos estados, da comunidade dos cidadãos, o liberalismo desenfreado conduz ao colapso», sublinhou.
Para o presidente do CCEE, não se trata de uma simples queixa, mas de convidar todos «à responsabilidade e a defender os direitos humanos invioláveis apelando aos deveres da pessoa humana para com a comunidade e para com Deus».
No Ano Paulino, o purpurado convidou os bispos da Europa a tomarem como modelo o apóstolo Paulo e não desanimarem perante os «problemas que aprisionam nossa geração».
Perguntando-se como é possível «alegrar-se levando o peso de tantos problemas e sofrimentos», o cardeal pediu que os prelados dirijam o olhar ao sorriso de Nossa Senhora, que «une compaixão e felicidade, transformando as lágrimas da paixão no consolo da glória».
O purpurado, primaz da Hungria, expressou sua rejeição a todas as formas de cristofobia, em especial as «mais capciosas e transmitidas pelos meios de comunicação quando denigrem, caluniam, desinformam e buscam o sensacionalismo».
Neste caso, é necessário «que os meios de comunicação assumam sua responsabilidade», enquanto a Igreja deve «investir na formação para contar com pessoas que tenham capacidade crítica perante a mídia e possam contribuir a transmitir nela uma imagem de Igreja autêntica e não um massacre da mesma».
A descriminação e a intolerância para com os cristãos devem ser enfrentadas pela comunidade internacional «com a mesma determinação com que se combatem formas de incitação ao ódio contra outras comunidades religiosas», sobretudo através da «tutela do direito à liberdade religiosa, elemento inalienável de cada pessoa humana».
A liberdade religiosa, observou, «muitas vezes é entendida como liberdade de religião, segundo uma visão que nega a dimensão transcendente da pessoa e em consequência também a dimensão pública da liberdade religiosa».
Por sua parte, o cardeal Christoph Schonborn, arcebispo de Viena e presidente da Conferência Episcopal Austríaca, afirmou na homilia da missa de abertura da Assembléia que a «vontade de tomar as rédeas e não deixar Deus na condução da História foi a tentação do século XX. E esta experiência trouxe muito sofrimento no século passado».
«Jesus, ao contrário, não quis impor a justiça com a violência. Seu olhar está dirigido a Jerusalém. Em Jerusalém, já vê o caminho da paz, o dom da vida: não tirar a vida dos outros mas dar a própria vida pelos demais. Este é o caminho da esperança, do perdão: esta é a misericórdia de Jesus».
«Quantos na Hungria descobriram na cruz de Jesus a resposta a seus sofrimentos, quantos se fizeram testemunhas do perdão e não da vingança!», exclamou.
«Estamos convidados a dirigir nosso olhar, nosso rosto, para Cristo, para encontrar em seu caminho para Jerusalém a cruz e a ressurreição, esta luz que pode iluminar também nossos sofrimentos e nossas cruzes».
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